Ed. 13 | 2021

Comitê de Integração da
Bacia Hidrográfica do
Rio Paraíba do Sul - CEIVAP

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Infraestrutura verde para a bacia do Paraíba do Sul

Primeiro ciclo do Programa Mananciais contempla todas as regiões hidrográficas da bacia, totalizando sete projetos a serem executados


A produção de água em uma bacia hidrográfica depende de boas práticas de manejo do solo, visto que o uso e a ocupação da terra afetam diretamente a execução dos serviços ecossistêmicos que provisiona os recursos hídricos na bacia. Segundo estudos do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Paraíba do Sul (PIRH-PS), a ocupação irregular do solo e as práticas agropecuárias insustentáveis são fatores que repercutem na redução da disponibilidade de serviços ecossistêmicos e afetam, entre outras coisas, a oferta quali-quantitativa de água na bacia.

De acordo com o PIRH-PS, a agenda de Infraestrutura Verde é compreendida por subagendas de planejamento territorial e de intervenções, envolvendo ações a serem realizadas no âmbito das Unidades de Conservação, bem como a elaboração de estudos e projetos que possibilitem a restauração e conservação da vegetação, visando à produção de água na bacia, hoje contempladas pelo Programa de Investimento em Serviços Ambientais para a Conservação e Recuperação de Mananciais (Programa Mananciais).

Por meio do Programa Mananciais, o Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP) tem investido em infraestrutura verde para produção de água. Ao longo de 15 anos, cerca de R$ 55 milhões serão aplicados no Programa, que consiste no desenvolvimento e na execução de intervenções para aumentar a disponibilidade hídrica e melhorar a qualidade das águas do rio Paraíba do Sul e de seus afluentes. Seus principais objetivos são proteger, manter, recuperar, expandir e/ou assegurar a oferta de serviços ecossistêmicos que contribuam para a manutenção da qualidade e regulação da disponibilidade da água de mananciais estratégicos na bacia, de forma inclusiva e participativa, garantindo o bem-estar humano, a segurança hídrica e a saúde dos ecossistemas associados à água a médio e longo prazo.

O Programa é composto por Projetos Participativos de Incremento de Serviços Ambientais na Microbacia Alvo (PRISMAs), que apresentam o diagnóstico e a priorização de intervenções nas microbacias-alvos contempladas: Alto curso do rio das Flores (760 ha) na área do Médio Paraíba do Sul; Rio dos Vieiras (3.266,07 ha) na região hidrográfica do Piabanha; Barracão dos Mendes (2.797,24 ha) na área do Rio Dois Rios; Baixo Rio Preto (1.433,47) na região do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana. Na porção mineira, os projetos serão realizados no Córrego do Zíper (1.471,70 ha), na região do Preto Paraibuna; e em Ribeirão Água Limpa (1.485,54 ha), na área do COMPÉ. E, na porção paulista, o Alto curso do rio Vermelho (1.056,30 ha).

Os PRISMAs estão divididos em três categorias: intervenções para conservação dos serviços ecossistêmicos, que incluem cercamento, prevenção a incêndios e controle de espécies invasoras; intervenções para recuperação dos serviços ecossistêmicos, que são as práticas mecânicas de conservação do solo, práticas edáficas de conservação do solo, manejo de pastagens, integração lavoura, pecuária e floresta, práticas vegetativas de conservação do solo, recomposição da vegetação nativa e intervenções para desenvolvimento territorial, que englobam o saneamento rural, criação de RPPNs, Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), certificação de produtos agroflorestais e uso racional da água na produção agropecuária.

O especialista em recursos hídricos da AGEVAP, Flávio Monteiro, explica que o momento de reunião em campo, análise da região e alinhamento dos atores do Programa é fundamental para dimensionar o PRISMA, definir elementos-chave e adaptar o processo, para que as normas de segurança sejam rigorosamente observadas. “A partir do momento que se tem as microbacias tidas como prioritárias, cria-se um pacto de recuperação conjunta e a microbacia passa a ser o alvo de investimento, não só do CEIVAP, como também do comitê e de parceiros. Aquela bacia passa a ser o centro de convergência de ações de infraestrutura verde, para podermos maximizar os resultados”.

Microbacias selecionadas e status dos prismas


Alto custo do rio das flores
760 Hectares
Parceria com o Comitê Médio Paraíba do Sul
Previsão para conclusão do PRISMA: Janeiro de 2022
Início das intervenções: Abril de 2022


Rio dos Vieiras
3.266,07 hectares
Parceria com o Comitê Piabanha
Previsão para conclusão do PRISMA: Março de 2022
Início das intervenções: Junho de 2022


Barracão dos Mendes
2.797,24 hectares
Parceria com o Comitê Rio Dois Rios
PRISMA concluído em outubro de 2021
Início das intervenções: Fevereiro 2021


Baixo Rio Preto
1.433,47 hectares
Parceria com o Comitê Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana
Previsão para conclusão do PRISMA: Maio de 2022
Início das intervenções: Agosto de 2022


Córrego do Zíper
1.471,70 hectares
Parceria com o Comitê Preto Paraibuna
Previsão para conclusão do PRISMA: Julho de 2022
Início das intervenções: Outubro de 2022


Ribeirão Água Limpa
1.485,54 hectares
Parceria com o COMPÉ
Previsão para conclusão do PRISMA: Setembro de 2022
Início das intervenções: Novembro de 2022


Alto curso do rio Vermelho
1.056,30 hectares
Parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul (trecho paulista)
PRISMA concluído em novembro de 2021
Início das intervenções: Março de 2022



Andamento do Programa Mananciais do CEIVAP

Os últimos meses foram marcado pelo avanço das atividades de campo do primeiro ciclo do Programa. Em Barracão dos Mendes foi feita a intervenção em duas áreas focais que integram 2.500 hectares. Ao todo, foram 93 propriedades beneficiadas, 111 sistemas de tratamento de efluentes domésticos a serem construídos, 61 kits de irrigação por microaspersão e gotejamento a serem instalados em um total de 15 hectares, atendendo 61 propriedades. Houve também a melhoria do sistema de drenagem em cinco km de trechos críticos de estradas rurais vicinais, 12 cursos de capacitação, 19 propriedades com projetos de Proteção de APPs hídricas e oito propriedades com Sistemas Agroflorestais. O produtor rural Johnsson Ferreira, que integrou o projeto na região de Barracão dos Mendes, destacou a importância de o Comitê de Bacia levar o Programa Mananciais até a região. “Isso vem ao encontro de uma necessidade que temos, relacionadas a cobranças que são feitas em relação ao uso da água. E trará muitos benefícios no que diz respeito ao suporte técnico e de material”.

Para o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maicon, a parceria entre entes envolvidos no projeto está dando certo e vai gerar muitos frutos e incontáveis benefícios, “sempre olhando a conservação ambiental e paralelamente, objetivando e implementando os instrumentos necessários para o crescimento e desenvolvimento econômico, principalmente no que tange a nossa agricultura, que é um dos grandes vetores da nossa região”.

Na microbacia do Alto Ribeirão Vermelho, foi concluído o Diagnóstico Rural Participativo, que identificou as seguintes demandas: Proteção de APPs hídricas que se dará através do cercamento de nascentes e de cursos d’água para promover a regeneração natural da vegetação; saneamento rural através do tratamento de efluentes domésticos, com a implantação de Bacias de Evapotranspiração (BET); instalação de bebedouros para o gado; instalação de pontilhões para o gado fazer a travessia de corpos hídricos; e melhoria de estradas rurais vicinais.

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