Revista do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP – Edição 15

Artigo

Na luta pelo ambiente inteiro

“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

João Guimarães Rosa

Nasci em Barra Mansa no estado do Rio de Janeiro às margens do Rio Paraíba do Sul. Nesta época, era costume as mães enterrarem o umbigo do recém-nascido em uma roseira, para dar sorte para os filhos. Acredito que isto explica minha ligação com o Rio Paraíba do Sul. Depois de tantas cheias, com certeza, meu umbigo foi para seu leito e seguiu seu curso.

Venho de movimentos sociais e ambientais. Iniciei participando de encontros religiosos com ações sociais e, em seguida, me envolvi com os movimentos ambientais em defesa do Rio Paraíba do Sul. Juntamente com alguns amigos, criamos o GEMA – Grupo de Estudo do Meio Ambiente, que se transformou em uma Organização Não Governamental – O Nosso Vale! A Nossa Vida (NVNV) – a qual representei a sociedade civil em dois mandatos como vice-presidente do CEIVAP, participando do mesmo desde sua criação, em 1997. Cheguei com as discussões do veto da Lei Nº 9433, em 1996, que foi promulgada em janeiro de 1997. Em 2010, assumi a diretoria do Comitê Estadual do Médio Paraíba do Sul – CBH-MPS.

Comecei a participar dos Encontros Nacionais de Comitês de Bacia – ENCOB em 2006 (era o oitavo ENCOB, na cidade de Vila Velha – ES), com o tema: Gestão Participativa, onde integrei uma oficina para relatar como foi a implantação da cobrança no CEIVAP. No início, representava o CEIVAP e, atualmente, represento o Fórum Fluminense de Comitês de Bacias Hidrográficas do Rio de Janeiro – FFCBH-RJ. Desde então, venho participando ativamente dos encontros nacionais. Faço parte do grupo de apoio e do #falacomitê, grupo este que era responsável por selecionar experiências exitosas por comitês nas regiões hidrográficas brasileiras.

Ao longo dos anos, os ENCOBs têm sido um grande aprendizado, uma troca de conhecimentos e uma oportunidade de conhecer as experiências de outros estados relatados pelos seus comitês. A gestão de recursos hídricos ao longo destes anos mudou muito. Através dos ENCOBs, conseguimos, junto à Agência Nacional de Águas – ANA, programas para o fortalecimento dos comitês, com a criação do Pró-comitê e, nos estados, a criação do Pró-gestão. Programas estes que ajudaram na gestão dos comitês que não possuíam cobrança por algum tempo e na gestão dos estados na implantação da política de Recursos Hídricos. Estes dois programas se fundiram em um único programa em 2023. A ANA vem passando por mudança ao longo do tempo, ora está em um ministério. ora em outro, e assume o saneamento. Do VIII ao XXIV ENCOB, houve grandes mudanças no formato deles, perdendo um pouco de sua essência que era o encontro de Comitês.

Os comitês precisam estar mais bem inseridos nas discussões políticas do Brasil, ter mais cadeiras nos conselhos Estaduais e Federal.




Por Vera Lúcia Teixeira
Mestre do programa de pós-graduação stricto sensu em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - ProfÁgua no polo Uerj/RJ. Possui experiência na área de saneamento e Educação Ambiental. É membro do CEIVAP, vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Médio Paraíba do Sul (CBH-MPS), representante do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH) e do Fórum Fluminense de Comitês de Bacias Hidrográficas (FFCBH).


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